sábado, janeiro 06, 2007

The Ramones

No ano de 1974, enquanto uma triste golpada ocorria em Portugal, na América do Norte outra revolução estava prestes a começar. Quatro jovens do bairro de Queens, Cidade de Nova Iorque, haviam sido convocados pelo destino. A sua missão? Salvar o moribundo rock n'roll.
Dois anos depois dá-se o chamamento às armas: É lançado o seu primeiro álbum, "Ramones". Nascera de facto o punk rock. Nos seus uniformes de cabedal e ganga, com as armas sónicas em riste, gritando as ordens "Hey ho, let´s go", as tropas de choque do rock estão em andamento. Subterrâneamente, iriam conquistar primeiro a cidade, de seguida o pais e depois o mundo, "Today Your Love, Tomorrow the World". Nas suas digressões a terras britânicas, os futuros integrantes de bandas como The Clash, Sex Pistols e U2 assistiam maravilhados aos seus concertos, de uma intensidade nunca antes vista, e diziam "queremos ser como eles!". O movimento entrava no mapa. As bandas que se seguiam juravam aliança aos senhores do punk. O que se seguiu ficou lendário

Trinta anos passaram. Um sobrevivente dessas campanhas, Marky Ramone, vem a Portugal, carregando o precioso legado do banda. A data: 3 de Janeiro de 2007. O local: Santiago Alquimista, em Lisboa. Fieis entre os fieis, os seus comandos estão presentes e lotam a sala, aguardando ansiosamente. Pelas 23h00 inicia-se o ataque. Ao fim de 3 músicas, ao som de "Sheena is a Punk Rocker" este vosso escriba esquece que já devia ter idade para ter juízo, "I Don't Care" e avança resolutamente para as filas da frente. Rapidamente se desenvolve um enérgico e participado mosh. Saltando e pulando entre os corpos em movimento, celebra-se a união ritualista da tribo. Ao soar o mandamento "hey ho, let´s go" do hino "Blitzkrieg Bop", a sala vai ao rubro. O pacato Tiago Lamy deixa de o ser e junta-se ao grupo. Por esta altura, parte da multidão está em cima do palco, a um metro do vocalista, uma floresta de telemoveis grava para a posteridade. Seguranças? Naturalmente que não são precisos, o respeito entre fans e a banda sempre foi uma característica dos Ramones. O concerto decorre, 30 músicas, 2 encores, até à exaustão da assistência, que não obstante poderia ali ficar a noite toda. "Punk's not dead", os Ramones são "Too Tough to Die".

Apesar de tentar, sei que contado não conseguirei descrever 10% do que lá se passou. Quem lá não esteve, nunca saberá. Mas mostrou-se à saciedade porque são um mito do rock n' roll. Se foi assim com um, o que seria com 4? Por mim, só posso dizer que começei a ouvir Ramones quando tinha acabado de fazer 17 anos. Começava nesse verão um dos melhores anos da minha vida. Agora, precisamente com o dobro da idade de então, por umas horas fiz uma viagem no tempo e regressei a essa época de inocência e saudável despreocupação. Porque é essa a essencia da música do grupo, pura, vigorosa e não adulterada diversão. E sei que quando ouvir Ramones, terei sempre 17 anos.

Gabba gabba hey!!

Nuno Balacó

Comments:
Belo texto, caro colega tripeiro!

Embora não conhecendo de fundo a banda (conheço principalmente de covers efectuados por bandas mais recentes, entre os quais, como não poderia deixar de ser, o cover dos Pearl Jam do “The KKK took my baby away”), devo confessar que, se estivesse estado cá, muito provavelmente ter-te-ia acompanhado!

Aquele abraço,

Nélio “este foi um post à antiga” Valente
 
Caro Balas,

Compreendo-te perfeitamente, sinto exactamente o mesmo ao ouvir musicas como:
A Lenda de El-Rei D. Sebastião do Quarteto 1111 ou mesmo a Maçã de Junho do Palma's Gang!

Patrício "o punk nos dias que correm é para acólitos" Portugal
 
Excelente!! De volta ao bom e bem escrever, eis o nosso Balas!!
Excelente descrição de sentimentos!!

Hugo "sempre em busca daquele Verão...." Teixeira
 
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