quinta-feira, maio 05, 2005

O Obscurantismo da Lojista!?!


De há uma parte para cá (gosto muito desta expressão), que venho a constatar, que algo de estranho se passa no mundo das lojistas, algo conspícuo, promíscuo e obscuro.
É desta que o dito comércio moderno vai levar de vencido o comércio tradicional. Têm uma política de recrutamento e selecção por demais agressiva.
Confesso que foi apenas num passado recente que comecei a prestar mais atenção ao mundo da lojista, não é que já não me tenham chegado boatos e histórias aos ouvidos, mas neste caso urgia tomar conta da ocorrência.
Foi no elástico rendilhado de uma calcinha fio dental (e não sou entusiasta do estilo) que o meu olho direito ficou retido, sendo que o esquerdo não tem vida própria acompanhou o direito e o corpo foi atrás até à porta da loja Habitat, onde esta moça de corpo torneado e cara angelical aparentemente trabalhava.
Admito que foi um ímpeto determinantemente sexual que me levou até lá, mas aquela hora também não tinha mais nada que fazer.
Ao entrar constatei que todas as suas colegas se pautavam pelas mesmas características técnicas, uma verdadeira doutrina da saúde e boa forma, parecia um harém do consumismo, naquele momento estava capaz de comprar qualquer coisa. Acho que é esse o truque.
Para não fazer figura de parvo (que sou, mas não vem agora ao caso), peguei na primeira coisa que me apareceu à frente, uma terrina! Pelo menos dava para alojar a baba que me escorria pelo queixo.
Não era capaz de parar de pensar “coisas” relacionadas com sexo, lojistas e lojas, é uma conjugação diabólica, que ainda por cima me fez recordar duas experiências que tive em lojas.
A primeira era muito jovem e foi numa cabine de prova. O que nós suámos naquele espaço diminuto, mas a presença daquele espelho de corpo inteiro tornou o momento ainda mais erótico (acho que o espelho era daqueles que aumentava). Ao sair do provador tinha um homem à espera com três camisas e dois pares de calças nas mãos. Só me ocorreu dizer para ele ter cuidado com os pés.
A segunda experiência é a minha preferida, o balcão da loja era meu, eu e a minha companhia conquistámos aquele espaço e fizemos magia, se bem que é um bocado chato estarmos naqueles preparos à frente de tanta gente, um gajo fica nervos, contudo sabe sempre bem ouvir aquela salva de palmas no final, é a sensação de um trabalho bem feito.
Por vezes a realidade e a ficção confundem-se e foi assim que fui interrompido pela mesma pessoa que me tinha levado à loja, perguntou-me se a terrina era para embrulhar, o que eu balbuciei não me recordo, mas deverá ter sido suficientemente compreensível para ele ter levado o artigo à caixa para pagamento.
O olhar dela penetrava-me, eu só ouvia, verde código verde.
Mas achei que ela estava a olhar demais para mim, e mágoa minha quando entendi que o olhar dela não me penetrava, mas sim atravessava o meu esbelto corpo, aparentemente o namorado dela estava à porta, um jovem de ténis nike, calça de fato de treino adidas e boné (é de sublinhar o andar afro gingão e a peúga branca do pé direito por cima das calças).
Observei-o bem e não entendi porque ela olhava assim para ele, o sorriso dele deixava transparecer uma inflamação na garganta, dado que o rapaz tinha falta de alguns quatro dentes à frente, mas a quantidade de ouro em brincos impressionava qualquer um.
Foi apenas mais tarde quando os vi sair do parque que compreendi que não tinha hipóteses, pois não estava à altura de um opel corsa laranja com neons, saias, escapes de rendimento, rebaixado e todos os outros artefactos de tunning que não sei apelidar.
Deprimido deambulei pelo Colombo e constatei que a grande maioria das lojistas eram deste universo, tudo para impingir tralha aos clientes, pois eu acabei por pagar a merda da terrina.
O comércio tradicional assim não tem hipóteses, senão vejamos:
A contrastar com as demais lojistas está a simpatia da menina Ermelinda (comerciante tradicional) com os seus aprazíveis 28 aninhos, 1,57m e 98 kg (anca larga), que “rapidamente” se prontifica a subir ao escadote, (felizmente usa calças), para ir buscar uns atoalhados, que me fazem lembrar os que a minha estimada avozinha tinha recebido para seu enxoval, ou da dona Gertrudes, uma septuagenária com 70 anos (surda que nem uma porta) que ao invés de estar a gozar a sua reforma dourada, a mando de seu marido o Sr. Madureira, (pois não está para aturá-la em casa), ainda labuta na sua papelaria, mantendo no entanto inalterável a montra desde 1983, e ainda estranha porque é que os seus dossiers com motivos do Sport Billy e da Heidi não estão com muita saída nos dias de hoje, mas há que salientar o aprumo do seu casaquinho de malha bege.
Ainda há essa classe profissional designada por Canarinha, que também actua nas lojas, bem como em outros sectores de actividade, mas sobre essa acho que daria uma outra história e esta já vai longa.

Não sei o que faça com a terrina, nem com o ímpeto. Alguém me ajuda?

Um abraço comercial,
Patrício “Shopping” Portugal


P.S.: Perguntem aos nossos profissionais do Shopping (Freddy e Prymo) se isto que vos relato, não é a mais pura e cristalina das verdades.
Mas de facto esta conversa não tinha nada de obscuro nem conspícuo, paciência, má interpretação minha.


Comments:
Não tem que enganar... mais uma vez é a excelência do jornalismo/romancismo do nosso PPortugal nesta execelência de conteúdos que é o blog CalifaHome!! (Obrigado grande Mário Crespo)
Apesar de ter devorado e me ter deliciado, com os olhos, com este post, devo relembrar ao ilustre autor que, e não apenas eu, trabalhei num centro comercial durante 5 anos, ainda que em part-time!! Daí considerar que é com alguma autoridade (5 anos vezes 50 fins-de-semana, imaginem quantas lojas e logistas contactei, certo?!)que digo que não se pode contar a missa ao vigário!! Desde os meus tenros 18 anos que acompanhei inúmeras "vidas" por esse Colombo fora, sendo às centenas as histórias promíscuas e afins. De facto estas moças a quem eu chamo carinhosamente "shopping rameiras", profícuas em atitudes e estilos dignos de estudo, podem preencher o imaginário e prender a atenção do mais comum mortal.
Agora o que mais me espantou e onde os meus olhos encravaram algumas vezes foi nas histórias das experiências que o nosso interlocutor diz ter passado!! Ainda que uma seja pura imaginação (sexo ao vivo para os colegas de loja), penso, já a outra se me revela como, pelo menos, tendo um fundo de verdade!! Pergunto: Foi mesmo assim?! Não havia papel na malinha da tua companheira?! era preciso sujar o chão?! Não estarás a fantasiar depois de terem no minimo acariciado "as tuas vergonhas" (obrigado Padre António Vieira)?! Achas correcto essa atitude que poderia ter envergonhado bastante a tua companheira caso fosses descoberto pelos logistas e mais alguém do teu rol de conhecimentos estivesse na loja?! Já imaginaste?! Tens que colmatar as minhas dúvidas...

Mr. Consigliére Tex

P.S. Quem fala assim não é gago e está mais solto que um passarinho na Primavera da vida!!!
 
Ficção? Romance? Verdade?

-Não interessa!

A vida é bela e para ser vivida.

Não há coisa pior, nem melhor, do que a dúvida e tudo o que ela suscita.
A imaginação não tem limites e por vezes flutuamos num inebriante misto de experiências assimiladas indirectamente tornando-as nossas e vivendo-as com a mesma intensidade.
Será que nesse momento passam a ser nossas também?

Porque será que uma das situações é à partida descartada e a outra persiste, será na presunção de que era mais facilmente tangível? E que o interlocutor sente proximidade com a mesma, vociferando veemente o afastamento da outra com o medo de um desgaste moral para o qual as suas ambições pessoais não o prepararam?

Ai (queixume desmesurado com a intensidade de quem quer mais e mais)! Como adoro a vida!

“Vem viver a vida amor, que o tempo que passou, não volta mais!”

As personagens não fazem as pessoas e vice-versa.

Reagindo directamente à ultima citação: Piu piu piu, piu piu, piu piu!!!

PPortugal
 
Onde é que se compram os cadernos da Heidi e do Sport Billy?
J30
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?