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Passados estes anos todos, muito se disse e muito se escreveu sobre o chamado Caso Calabote, que para milhares é paradigma da influência que o Sport Lisboa e Benfica exercia no seio das instâncias da arbitragem da altura.
Tendo como fonte o Livro do Cinquentenário do jornal Record, publicado em conjunto com as Edições Asa em 1999, deixo aqui expressos os factos, tal como relatados na dita obra. Cada um faça o julgamento que considerar adequado.

Campeonato Nacional de futebol da 1.ª divisão da época 58/59. O S.L.B. liderou durante grande parte do campeonato. À 22.ª ronda tem 3 pontos de avanço, quando recebe o F.C.P. Empate a 1, mantendo o rival à distância. Mas nas jornadas seguntes as coisas complicam-se para o Benfica: Empata 2-2 em Setúbal e perde em Alvalade por 2-1. O F.C. Porto passa para a frente, com mais 1 ponto e mais 1 jogo, uma vez que os encarnados tem de repetir o encontro com o Belenenses da 19.º jornada. Os azuis haviam marcado 1 golo, invalidado pelo árbitro, por alegadamente a bola ter saído do campo na trajectória pela linha de fundo até à baliza. O Belém ganha o protesto, e na repetição, verifica-se novo empate, agora a 1 golo.
A 90 minutos do fim do campeonato o S.L.B. e o F.C.P. estão pois empatados no 1.º lugar, pontualmente e no confronto directo (na 1.ª volta haviam empatado a 0 nas Antas). A diferença entre golos marcados e sofridos é o critério decisivo para apurar quem vai fazer a festa.

A 22 de Maio de 1959, tudo se decide nos jogos Torreense (último classificado e já despromovido) X F.C.P. e S.L.B. X C.U.F. do Barreiro (embora imediatamente acima da linha de àgua, já estava a salvo da despromoção). E daqui em diante passo a citar textualmente "Em Torres Vedras, quando faltam 2 minutos para o termo do desafio, Noé, de cabeça, faz o 0-2 para o Porto e no minuto seguinte Teixeira eleva para 0-3. Na Luz, a notícia é recebida de uma maneira fria. Embora faltem quase 10 minutos, a equipa não reage. Vence a C.U.F. por 7-1, perdendo o campeonato pela margem mínima (GM - GS - Porto 81-22, Benfica 78-20). O árbitro Inocêncio Calabote prolonga o jogo 7 minutos para além dos 90 (inicia-o com 5 minutos de atraso em relação ao de Torres) e marca 3 penaltis a favor do Benfica, sendo 2 duvidoso."

Na sequência da arbitragem deste jogo, em 11 de Outubro de 1959, Inocêncio Calabote é irradiado de árbitro.

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